O frango produzido no Brasil que está sendo rejeitado no Reino Unido devido a contaminação da bactéria Salmonella está voltando para o Brasil, sendo processado e colocado à venda nas prateleiras de supermercado. A revelação foi feita após uma investigação conjunta do site Repórter Brasil em parceria com o jornal britânico The Guardian e pelo Bureau of Investigative Jornalism.
Segundo a reportagem “entre abril de 2017 e novembro de 2018, mais de 1 milhão de aves congeladas (ou 1.400 toneladas) foram vetadas nos portos do Reino Unido por não atenderem aos padrões sanitários europeus – mais rigorosos do que os verificados por aqui”.
Quando chega no Brasil o produto contaminado tem duas destinações: a parte considerada pelo critérios locais como perigosa à saúde é cozida e destinada a fabricação industrial de subprodutos como salsichas, nuggets, linguiças e mortadela de frango; a parte que nos padrões locais não apresentam risco à saúde vão para os balcões in natura. O grande problema é que a parte considerada perigosa é de menos de 1%. Ou seja, mais de 99% do frango vai para o balcão com Salmonella e tudo.
A Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, confirmou que o Reino Unido devolveu 1,4 mil toneladas de frango ao Brasil em razão de ter sido detectada a presença de samonella nos produtos. Em entrevista coletiva no dia 03 de julho ele tentou minimizar o episódio e disse que retornaram “apenas 17 contêineres foram devolvidos, sendo um por problema de refrigeração”.
“A quantidade de exportação do frango brasileiro é enorme. Só 17 contêineres vieram com Salmonella. Dois tipos só que têm problema para humanos. Isso [a denúncia] é desserviço aos produtos brasileiros”, declarou a ministra à Agência Brasil.
Segundo a autoridade, o frango contaminado poderá ser vendido no mercado interno depois de “termoprocessado”, mas não explicou o que isto significa, podendo ser cozido ou simplesmente congelado.
No Brasil, testes realizados pelo Ministério da Agricultura mostram que cerca de 18% da carne de frango apresentam algum tipo de contaminação por salmonela – o que está dentro dos limites legais, já que a regulamentação brasileira tolera até 20% de contaminação. Na Europa, o percentual de aves contaminadas é de apenas 3,3% , segundo o órgão europeu responsável por segurança alimentar, o EFSA (European Food Safety Authority).
“Esse tipo de prática é um grande desrespeito aos consumidores brasileiros, que são expostos no mercado a produtos de pior qualidade por conta do menor nível de exigência sanitária no país. Isso pode trazer consequências negativas à saúde da população”, afirmou a nutricionista Ana Paula Bortoletto, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) na reportagem do Repórter Brasil.
Uma Nota Técnica do Ministério da Agricultura, publicada em março deste ano diz que “as Salmonellas conseguem crescer em ambientes com temperaturas entre 5°C e 46°C e têm uma temperatura ótima de crescimento em torno de 38°C, são extremamente resistentes ao 2 resfriamento e congelamento mas, no entanto, são destruídas quando submetidas a um tratamento térmico acima de 70°C, temperaturas obtidas durante o cozimento completo”.
Por seu lado o Ministério da Saúde explica no seu site que alguns cuidados podem prevenir a infecção por Salmonella, destacando que “a carne deve ser bem cozida ou assada”.
Segundo postagem no site do Minsitério da Saúde, a” Salmonella pode causar dois tipos de doença, dependendo do sorotipo: salmonelose não tifóide e febre tifoide. Os sintomas da salmonelose não tifóide podem ser bastante desagradáveis, mas a doença geralmente é autolimitada entre pessoas saudáveis (embora possa levar à morte em alguns casos). A febre tifóide é mais grave e tem uma taxa de mortalidade maior que a salmonelose não tifóide.
As infecções por Salmonella não tifóide têm como sintomas:
Esses sintomas podem surgir entre 6 e 72 horas (usualmente entre 12 e 36 horas) após o consumo do alimento contaminado e costumam permanecer por cerca de 2 a 7 dias, até a completa recuperação do paciente. O contato com alguns animais infectados (incluindo animais de estimação) também pode transmitir a doença, se logo depois as mãos não forem lavadas. Os sintomas também variam de intensidade de acordo com a quantidade de alimento contaminado ingerido e o nível de contaminação do alimento.
As infecções mais graves acontecem em pessoas idosas e em crianças, devido à sensibilidade do sistema imunológico. Pessoas com o sistema imunológico comprometido, como transplantados ou portadores da Aids/HIV, também podem apresentar quadros mais graves da infecção por Salmonella (Salmonelose).
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Comecei a acompanhar alguns textos publicados, a partir dos escritos do Adriano, sobre cervejas e suas histórias.
Agora me deparei com este texto sobre salmonellas no frango. Como se proteger do frango contaminado???
Então pergunto, qual a resposta para o título???
Prezado, na verdade não há uma resposta conclusiva. Até podemos seguir as instruções de higiene da Ministério da Saúde, mas o que acontece é que o governo nos deixa plenamente expostos, sem possibilidade de defesa. Por enquanto a receita é cozinhar muito bem o frango e lutar contra os desrespeitos ao consumidor desta proporção!