Já faz uns quatro anos que temos uma composteira. Um minhocário caseiro. Sim, são três caixas plásticas, sendo que duas são cheias de minhocas. Nojento? Nem um pouco. Minhocário caseiro é alternativa para resíduos domésticos.
A gente mora em apartamento e consumimos muitos vegetais na nossa alimentação. Assim, geramos uma quantidade razoável de resíduos como cascas, talos e partes não consumíveis. E o fato objetivo é que reduzimos muito consideravelmente a quantidade que vai para a coleta pública. Não é um número preciso, mas dá para estimar uma redução superior a 80% do volume.
Nosso minhocário compramos pronto com o pessoal da Minhocário Caseiro, mas há por aí centenas de tutoriais para montar seu próprio minhocário.
Dá trabalho?
Nossa composteira/minhocário fica na área de serviço e ocupa menos de 1 m². Não tem cheiro, não tem sujeira, nenhum inconveniente. Ao lado da composteira um balde com tampa guarda a serragem que usamos para compostar.
As duas caixas de cima é onde a mágica acontece. Nelas há uma base de substrato, o humos propriamente dito e as minhocas (as nossa são as tais californianas). As caixas têm furos na parte inferior que são importantes tanto para as minhocas transitarem de uma para outra, como para escorrer a umidade que vai virar biofertilizante, que se deposita na terceira caixa, a inferior.
O nosso trabalho é, quando cozinhamos, separar o que não vai para penela. Temos um baldinho com tampa na pia. Funciona como um coletor que, no final das operações culinárias, é despejado na composteira. A única manha é cortar em pedaços pequenos (não é picar, que seria muito trabalho), para facilitar o trabalho das minhocas.
A gente vai fazendo camadas de resíduos (usamos uma pazinha de jardim para isto) e cobre com serragem.
Mas onde se consegue serragem? Não tem mistério. Em qualquer marcenaria ou madeireira vendem um saco enorme por algo como R$ 5,00, que vai durar uns três meses. Definitivamente não é um complicador.
O que dá para compostar?
Quase tudo vai para compostagem. Todos os restos vegetais (cascas, sementes, folhas, talos…) cascas de ovos, borra de café, erva de chimarrão, guardanapos e toalhas de papel que não estejam engordurados. A gente não costuma colocar, mas há quem destine também restos de comidas que não tenham excesso de sal e gordura. O que não pode, em hipótese nenhuma, é colocar carnes e restos animais.
Quando a caixa de cima está cheia a gente inverte. Leva mais ou menos um mês, que é o tempo da caixa do meio virar húmus do bom.
Aqui temos dicas para reduzir o consumo de plástico e para reaproveitar frascos de vidro.
Retirando os fertilizantes
A composteira gera dois tipos de fertilizantes biológicos de muita qualidade. O biofertilizante líquido se retira apenas abrindo a torneirinha que vem na caixa de baixo. Colocamos em garrafas pet. Dá até uns 5 litros por mês.
A húmus sólido é o que mais dá trabalho para retirar. Mas nada complicado. Primeiro se deixa a caixa aberta um tempo, exposta a luz, pois a a minhocas não gostam de iluminação e vão sair da superfície em direção ao fundo. Então, com uma pazinha, a gente vai retirando, aos poucos, a camada de cima. Sempre acaba indo alguma minhoca junto, mas isto não é problema.
O biofertilizante líquido é excelente para regar vasos de plantas, pequenas hortas e canteiros de flores. Ele é muito forte, por isto deve ser diluído na proporção de 1 porção para cada 4 de água. Ou seja, com 5 litros de biofertilizante dá para fazer 25 litros de adubo. As plantas adoram e crescem com muito viço. Não convém usar em intervalos menores que 3 semanas, tal a potência da solução.
O húmus pode ser espalhado diretamente em canteiros ou misturado à terra de plantio de vasos. Também é muito nutritivo para as plantas, a ponto de ser muito evidente o resultado da adubação.
Adube relacionamentos
Ah, mas eu não tenho plantas em casa, o que vou fazer com tanto adubo? Simples: compartilhe com amigos, vizinhos, parentes.
Uma vez chegamos a botar um cartazinho no elevador do prédio oferecendo aos vizinho. Durou poucas horas e rendeu fila de espera. E teve retorno: um vizinho colecionador de orquídeas nos presenteou com uma muda maravilhosa de uma orquídea rara.
Às vezes nossa produção de resíduos supera a capacidade de nossa composteira. Mas, para nossa sorte, nosso bairro tem uma horta comunitária que tem composteiras coletivas. Aí a gente acumula um balde maior por dois ou três dias e leva para a unidade comunitária.
Nossa parte
O que a gente faz é pouco em termos de impacto ao meio ambiente? Talvez seja em volume, mas é a nossa parte, nossa responsabilidade. Efetivamente o caminhão leva menos lixo de nossa casa, e isto já é razão para ficar feliz e saber que estamos fazendo a nossa parte.