Um livro, um pintor, um jardim e uma cozinha… Pão de Ló de Gênova, o bolo do Monet
Certamente todos já ouviram falar de Claude Monet, pintor impressionista do século XIX. Certamente todos já ouviram falar dos jardins da casa de Monet, as famosas ninféias… O que muita gente não sabe é o quanto o pintor gostava de boa comida e era exigente com os produtos que eram servidos à sua mesa. Não era um cozinheiro, nem se aventurava na cozinha, mas “ficava de ótimo humor diante da perspectiva de uma boa refeição”. Sabia como poucos plantar e colher o melhores ingredientes.
O livro
É exatamente sobre isso que trata o livro À Mesa com Monet, com texto de Claire Joyes (traduzido por Ana Maria Sarda e Maria Cecília d’Egmont) e fotografias de Jean-Bernard Naudin. É um livro pra quem gosta de arte, de comida e de fotografia. Numa edição lindíssima, a autora conta a história gastronômica de Monet.
Fala do casamento com Alice e a mudança para Giverny onde o pintor vai transformar uma casa antiga e plantar o famoso jardim. Numa leitura leve é possível ver a preferência do pintor por colher os alimentos numa horta onde planta diferentes sementes vindas de diversos lugares do mundo. Monet apreciava os alimentos frescos, as caças, os doces… Praticamente tudo o que comiam era produzido por eles.
Sua casa era palco para vários encontros, desde os interessados por comprar sua arte, aos amigos artistas. Todos sempre recebidos com boa comida.
No capítulo, Monet e Alice, um estilo é possível passear através do relato e das imagens, pela cozinha, pelo significado da refeição para a família, os piqueniques, os almoços festivos, os detalhes sobre a louça, a impecável arrumação, enfim, o cuidado envolvido no ato de se alimentar.
O livro mostra que não era a opulência nem a ostentação que definiam o casal, mas a qualidade da comida.
Monet tinha suas preferências e suas manias e isso era o que contava. Alice tinha o refinamento e o conhecimento sobre a alta culinária francesa. A sofisticação das receitas vem daí.
O livro finaliza com as receitas, testadas e adaptadas pelo chef Claude Lapeyre, francês há anos radicado na Brasil. A complexidade delas varia, mas tem muita coisa possível de se fazer.
Escolhi uma que achei especial, um bolo para a hora do chá. Super fácil de fazer e que transcrevo a seguir.
Pão de ló de Gênova – Pain de Gênes
- 125 g de manteiga à temperatura ambiente
- 300 g de açúcar
- 5 ovos
- 275g de amêndoas moídas (eu não pelei as amêndoas por isso, quando triturei no liquidificador a farinha ficou escura e por consequência a massa do bolo também)
- 2 colheres de sopa de quirche
- 100 g de farinha de trigo
Como fazer
Unte com manteiga uma forma rasa de 20cm de diâmetro. Ligue o forno em temperatura média.
Ponha a manteiga em uma tigela, acrescente o açúcar e bata até obter uma massa cremosa.
Adicione os ovos um a um, batendo bem depois de cada adição. Misture as amêndoas e o quirche. Acrescente a farinha e bata bem (nessa última parte bati com fouet).
Despeje a massa na forma e asse durante 40 minutos ou até dourar.
O livro é lindíssimo, as receitas são maravilhosas e nós só podemos agradecer à nossa querida Regina Pozzobon que nos brindou com esse presente maravilhoso.
Agradeço também o espaço Verde e Cia – Garden Center, que gentilmente permitiu que eu produzisse as fotos para o post nas suas instalações.
Sônia,
Eu simplesmente fiquei encantado.
Eu adoro Monet, na verdade, sou fotógrafo e comecei meu gosto pelas artes visuais pela pintura. Quero muitas coisas na vida, não sei se conseguirei todas e nem sei ainda todas as coisas que ainda desejarei, deixo a vida mostrar, mas no fim, uma coisa eu quero: Ter a velhice de Monet.
Eu relembrei com esse post os tempos que admirava suas (e de outros que adoro) pinturas no MASP e de quando vi o lançamento desse livro que desejei e não sei porque acabei por esquecer e só relembrei agora.
Só sei que quero esse livro e fazer essa receita. Na verdade, estou ansioso para ir à cozinha fazer essa receita que parece muito boa, ainda mais sendo de alguém que sabia tanto viver a vida intensamente.
Belíssimo artigo!
Eu fiz.
Gostei bastante. No meu forno, ficou no ponto aos 50 minutos, talvez por fazer a 180ºC. Ótima umidade e delicioso sabor de amêndoas. Uma boa dica para essa receita é, após descascar as amêndoas, pesar ainda inteiras e só depois moer, assim se aproveita pedaços mal moídos que, aqui e lá se encontra em cada pedaço. Para o meu paladar, na próxima vez, reduziria a quantidade de açúcar pelo menos a metade.
Obrigado por compartilhar uma receita tão interessante, rápida e fácil de fazer.
PS: Nem precisa de batedeira. Pode-se fazer tudo no fouet.
Ops rs
Voltei para corrigir um engano.
Fiz essa receita logo após ler esse artigo, já era madrugada e percebi que não havia açúcar no pote e abri outro da dispensa. Acontece que não percebi que era o açúcar light da União, que recebemos deles pelo correio. Esse açúcar adoça 2 vezes mais e se recomenda usar sempre a metade para ter o mesmo efeito.
Como nunca temos nada light em nossa cozinha, apenas achei que era uma nova embalagem e minha atenção estava apenas para o planejamento da execução da receita.
Distração minha, e um erro de julgamento.
Então retificando, a receita é perfeita e tem açúcar na medida certa.
[…] o À Mesa com Monet, onde se conta a história gastronômica do mestre. Alás, recomendo ler o artigo deles. Fui direto para a […]
Oi, Paulo. Adorei!!! Primeiro saber da tua admiração pelo Monet. Foi uma alegria ler teu comentário. Sem dúvida vais adorar o livro. É um deleite, a gente passeia pelos jardins e se sente num daqueles piqueniques pintados. As receitas então… são ótimas.
Achei divertidíssimo teres entrado a madrugada fazendo bolo. A história do açúcar foi ótima. Olha que o meu gosto pelo açúcar é bem comedido e eu não achei o bolo doce… cheguei a ficar na dúvida. rs
Muito bacana ver o quanto a escrita, a pintura, a fotografia e a culinária (ou gastronomia, não sei o melhor termo) podem aproximar as pessoas. Foi uma alegria recebê-lo na nossa cozinha virtual, seja sempre bem-vindo.
Que coisa linda. O blog, essas delícias todas, e esse amor…
Parabéns,
Dael
O livro será um presente para minha nora-namorada de meu filho, ela faz pinturas, tem MBA em Marketing, adora Monet e procurando conhecê-la melhor encontrei nas manifestações dela no facebook, nas “entre linhas” que ela o apreciava, e esta receita com certeza será uma das que ela fará primeiro, muito “gostoso” este Blog, leve, e gracioso, parabéns!
Sônia
Sou leigo para essa dúvida e gostaria de saber o que quirche, li na receita e pede isso nos ingredientes.
Olá, Carlos! Quirche (nome traduzido) ou Kirsch é uma bebida. Um destilado do suco fermentado de cereja, pra ser mais específica. É muito usado na culinária. Neste bolo ele pode ser opcional ou substituído por um licor, por exemplo. O que vale é fazer a receita, não é mesmo?
Obrigada pela visita! Abs,s
Obrigado pelo esclarecimento e dica!