No sábado, dia 25 de setembro, acompanhei um grupo organizado pelo CEPAGRO – Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo – num passeio à Angelina para acompanhar uma farinhada, processo artesanal de produção da farinha de mandioca em engenho de roda d’água.Na “farinhada” a busca da harmonia com os alimentos
Essa produção faz parte do movimento Slow Food Brasil.
Há algum tempo lemos sobre Slow Food, movimento que iniciou na Itália como oposição ao chamado fast food e cresce cada vez mais pelo mundo. Os participantes investem na possibilidade de comer melhor, saber de onde vem o seu alimento, ter contato com o produtor que, por sua vez, está ligado à ideia da produção livre de agrotóxico e tenta manter vivas tradições culturais, como é o caso da produção de farinha nos engenhos de roda.
Slow food é ter tempo para fazer uma refeição. É entrar em sintonia com a comida e o seu entorno, coisas que o cotidiano do mundo atual não privilegia. Pensar nessa linha envolve uma reflexão constante sobre como levamos a vida.
Angelina
Pois bem, o sítio da D. Catarina e do Seu Celso , faz parte desse movimento. Lá é produzido praticamente tudo que é necessário para a subsistência. O casal faz parte da comissão que vai, em outubro, para Turim, na Itália. Participarão do evento Terra Madre que é um encontro mundial das comunidades do alimento de todo o mundo e acontece desde 2004.
Lá em Angelina, além da família do seu Celso e da D. Catarina, que nos recebeu super bem, estava o chef Ubiratan Farias, responsável pelo almoço que foi feito praticamente só com os produtos locais.
Havia uma harmonia muito grande entre os convidados, os anfitriões e o lugar. Não quero pecar aqui por construir uma imagem bucólica do homem do campo, mas afirmar o quanto, embora imersos numa rotina de trabalho pesado, as pessoas sentem-se reconhecidas pelo que fazem e da sua importância, num contexto social que considera o consumo e o urbano como os únicos modelos viáveis.
Comida boa
O dia foi vivido com muita comida: pães de vários tipos, produtos a partir da farinha como o cuscuz e o biju, rosca de polvilho… No almoço feijoada vegetariana, moqueca de peixe de açude e galinhada, sem contar as várias saladas e acompanhamentos.
Durante todo o dia observamos o forno onde era produzido o açúcar de cana. Vimos a garapa virar melado até chegar o ponto do açúcar mascavo (que por sinal, ainda levaria mais alguns dias para secar e ficar pronto!).
No mesmo engenho acompanhamos a raspagem da mandioca, o processo de fazer a massa, a ida pra prensa, de onde sai o liquído que quando decanta faz o polvilho, e a massa mais seca que vai para outro forno para secar e tornar-se farinha.
Incrível ver várias gerações da família presente para o evento. Todos envolvidos na produção.
Acompanhar este processo foi importante para perceber o significado da comida pra cada um. Um momento de encontro entre a qualidade e a busca de equilíbrio num jeito de fazer a vida melhor.
Foi ótimo encontrar e conhecer as pessoas. Trocar ideias e receitas e pensar sobre as coisas que fazemos. Agradeço imensamente ao seu Celso e a dona Catarina por terem me recebido e permitido que eu usufruísse daquele espaço com tantas imagens. Parabéns às pessoas do CEPAGRO pelo empenho que investem e acreditam no potencial desse movimento. Para quem se interessa pelo assunto pode visitar site Slow Food Brasil ou do CEPAGRO.
Ta muito legal isso aqui. 🙂 Sabe né, hoje em dia os blogs fazem promoções para os seus estimados leitores. Tô esperando o sorteio que vai dar um vale-refeiçao. Pode mandar o prêmio na marmita mesmo, ahahaha.
Ahahaha. Oi, Rosimeri. Vou pensar na sua sugestão… Um vale refeição ia ser divertido, hein? Bj
oie! conheci o blog de vcs pelo blog cronicasderegina e gostei bastante! nunca tinha ouvido falar de farinhada até mudar para cá, vou pesquisar melhor os links indicados. também posto algumas receitas, se quiserem me visite, será um prazer. abçs, michelle.
Oi, Michele. Obrigada pela visita. Certamente te visitarei! Bj
Pensar que pessoas estão mobilizadas para superar a correria e viver o cotidiano com mais leveza, qualidade e conexão consigo, com o outro e com os espaços… me fascina.
Grata pela escrita e imagens! Bjos
Vivendo e aprendendo amiga! Bjão