Tem dias que a frase “a vida por um doce” não parece só força de expressão. Talvez o poder do doce sobre nós seja metafórico, o açúcar (especialmente o refinado) seja um poderoso vilão, mas é fato, como escreve o super chef Alain Ducasse (no livro lindo Ducasse A a Z: um dicionário amoroso da cozinha francesa), que “os doces e as guloseimas abrem as portas de um universo de sonho, onde, graças ao açúcar, podemos ir, várias vezes ao dia, ao encontro das lembranças mais vivas daquele tempo longínquo e abençoado da infância”. Na sequência ele vai ainda mais longe. Cita Erick Orsenna quando escreve: “o salgado, o amargo, o ácido, esses três outros sabores, se parecem com a vida cotidiana. O doce é a festa, é deslizar, como um pouquinho de música que surge, de repente, no ar”.
Talvez seja por isso que o doce seja aclamado e finalize com arte e perfeição uma boa refeição.
Num desses momentos de absurda vontade por doces, resolvi fazer uns biscoitos que adoro. São daqueles bem rápidos e que, como gosto, ficam bem rústicos, amassados na mão, sem nenhum glamour. Acho que eles ficam lindos assim.
Modo de fazer biscoitos
Coloco, numa tigela, 1 xícara de açúcar mascavo (prefiro quando ele é menos processado, cheio de bolinhas que derretem no forno e fazem um caramelo no biscoito. O que usei hoje não era assim.), ½ xícara de manteiga em temperatura ambiente, 1 ovo inteiro.
Bata os ingredientes com o fouet até fazer um creme fofo. Acrescente 1 colher (chá) de baunilha,1/2 colher (chá) de bicarbonato e, aos poucos, 2 xícaras de farinha de trigo. Coloquei (opcional) um pouco de coco ralado grosso.
Com a massa neste estágio é possível enrolá-la em filme plástico e colocar na geladeira para a manteiga endurecer e você cortar o biscoito em fatias finas para assar. Ou pode colocar um pouquinho mais de farinha (foi o que fiz), fazer bolinhas, como se fizesse brigadeiro, achatar e colocar para assar.
Assar biscoitos significa ficar perto do forno, pois é muito rápido. Levam de 10 a 15 minutos em forno médio. Depois é só deixar esfriar e colocar em pote fechado para que eles continuem crocantes. Essa é a minha estratégia pra ter um doce em casa para as horas de desespero.
No mais, que a vida seja equilibrada em todos os seus sabores.