As redes produtivas de alimentos nos momentos de crise

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Neste momento de crise iminente, tanto de saúde pública quanto econômica, refletir sobre o significado da Gastronomia ser uma REDE produtiva – sim, em letras maiúsculas –  se faz mais do que necessário, se faz imprescindível para entender e minimizar os impactos no setor. Somos formados por muitos pontos nessa rede: consumidores, feiras, produtores, chefs, mercados, cozinheiros e cozinheiras, fornecedores, entregadores, todos interligados em um sistema complexo e interdependente. Fica evidente como são importantes as redes produtivas de alimentos nos momentos de crise.

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Photo by Elaine Casap on Unsplash

Com o decreto emitido pelo governo estadual para fechamento de estabelecimentos comerciais por um período de quarentena, muitos médios e pequenos negócios, chefs, cozinheiras e cozinheiros autônomos serão impactados rapidamente com o cancelamento de eventos, comemorações, reuniões, atendimento ao público, mas não só eles. 

Produtores artesanais, produtores rurais e pescadores artesanais também sentirão o impacto com a diminuição da venda da sua produção, aquela que já estava certa que iria para o restaurante ou mesmo para a feira que você frequenta no seu bairro, aquela mercadoria que encontramos com facilidade no meio da rotina, no dia a dia, aquela feita com cuidado e que, em muitos casos, envolve toda a família na produção.

Sem industrializados

Uma rápida – e precavida – ida ao supermercado e podemos observar que os carrinhos seguem recheados de industrializados ultraprocessados – passamos da fase do papel higiênico e álcool em gel, não por consciência, mas por escassez destes produtos. Abastecer-se de enlatados e ultraprocessados não garantirá – e nunca garantiu – qualidade na alimentação. É mais fácil de estocar, de encontrar, dura mais, provavelmente o abastecimento não sofrerá tanto, mas a que custo?

O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, orienta, entre os passos para uma alimentação saudável e adequada, para a ingestão de alimentos in natura ou minimamente processados, a aquisição direta com os produtores e a dar preferência para locais que servem refeições feitas na hora, evitar redes fast-food

Dentro da cidade – respeitando as orientações do governo para circulação e seguindo protocolos para entrada e saída de nossas residências – conseguimos encontrar esses pequenos pescadores, produtores rurais e artesanais e/ou seus representantes para aquisição de produtos e insumos diversos, in natura ou minimamente processados, são queijos e embutidos de qualidade, cervejas artesanais, produção de mel, de legumes, hortaliças, pães, frutas e compotas, e mais, uma gama de gente talentosa que teve que fechar as portas de seu estabelecimento, ou adiar eventos, e que também está produzindo comida de verdade para entregas ou retiradas. Também continuam ativas muitas células de compras coletivas diretamente dos produtores rurais.

São esses os nódulos da rede produtiva da gastronomia que sofrerão os maiores impactos econômicos advindos não só da epidemia mas, sobretudo,  de uma vagarosa, senão omissa, política pública voltada para amenizar as perdas no setor. Reforço que estou falando aqui sobre os médios e pequenos. Os latifúndios, os conglomerados multinacionais e as grandes redes de fast-food irão sobreviver.

Onde encontrar?

Busque pelos/as produtores/as, chefs, cozinheiros e cozinheiras nas redes sociais, busque entre seus amigos e familiares uma indicação, busque nas suas redes sociais. Siga as orientações dos órgãos de saúde para circulação e retorno para casa. Informem-se como comprar, receber e/ou retirar os produtos com eles/as. Afinal, somos uma rede.

Abaixo estão algumas iniciativas que catalogaram os produtores locais. Ambas são atualizadas com frequência. 

Catálogo de Produtores Locais – Slow Food

Mapa dos Produtores Locais – Slow Food

Lista de produtores Mandato Agroecológico – Marquito

Para se cadastrar na lista de Produtores Locais do Slow Food, preencha o Formulário AQUI.


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